minha pernas trêmulas tremem
e meu corpo me leva arrastado pela madrugada inteira.
de olhos bem abertos, não tenho nada a procurar.
já sei demais desse apartamento
e as paredes daqui não são novidades.
não me atraem mais
os bons cheiros de prato cheio,
mas eu como, como por termos
esse ritual de sentar a mesa de jantar e conversar um pouco
em meu âmago sempre há espaço para algum humor e afeto.
as pessoas continuam boas,
mas as vezes me penso sozinho.
me lembro do nonno me dizendo em árabe:
“um dia você come mel, outro dia cebola”
sabedorias bem misturadas ao afeto te fazem correr maratonas!
ainda seremos todos normalizados
enquanto diferentes?
um dia de cama, outro dia de estrada.
o Sol (e quem sabe a sombra) sempre virão!