eles estavam em um bar antigo, a juke box tocava um som blue wave com letras melancólicas, ainda que te fizesse se sentir bem com a vida. os dois amigos estavam na metade da garrafa, que já os fazia falar de tudo:
– eu quero me apaixonar
– para que você quer isso, velho?
– gosto das trocas
– as trocas vem e vão, você sabe – disse o bêbado, enquanto dava mais um trago
– não importa. queria sair sozinho por ai e curtir. depois você se encontra com ela e da umas risadas, uns beijos, abraça forte e discutem como se fosse uma bancada de doutorado. ai sai todo mundo ganhando: você sente que da para ser feliz por uns instantes, fica quieto e solta umas risadas enquanto trocam olhares. depois cada um vai para o seu lado, você volta a se foder no trabalho e a sentir prazer na solidão. ela vai fazer seja lá o que elas fazem.
– foda sua vida como você quiser.
estava tudo jogado para o ar, o caos reinava e tudo que eles realmente precisavam era de um pacote de cervejas, o tipo de música que lhe faz ter saudades de chorar, as conversas aleatórias e profundas e o afeto amigo.
– hey V., me ligue se precisar!
– sempre, sempre.