inversos.

ainda que eu tivesse visto vermelho no lugar do azul
ou que aquele apartamento de 95 fosse uma casa
quem sabe se eu falasse mandarim, ou concluísse o russo
talvez se eu tivesse um grande abraço quando me encolhi

quem sabe se eu fosse mais evoluído,
mas fico abaixo até
porque quedas não cabem em mim agora
mas fico mais aqui do que em todo lugar.
talvez eu se tudo fosse o inverso do que se simbolizou
eu seria farsa alegre

se eu fosse tudo que se tanto propõe eu me sentiria
certo e ajeitado (e então, aleijado)
talvez se naquela foto eu só fosse eu

mas sou exatamente aquela foto, daquele apartamento, daquele próprio ano, daquela cor, daquele não-abraco, daquele dessaranjo, desse bom sorriso que me ausenta agora.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *