me jogue fora.

quem gosto,
me desgosta
pois sou apenas metade
daquilo que se apresenta pelos meus braços e pernas
perambulando os ares
em quaisquer movimentos aleatórios, ordenados por expectativas
ordinárias.

e meus movimentos frágeis do querer
são considerados fantoches idiotas
de uma peça teatral que pouco vale.

isso porque mutações em um mesmo nome
são inválidas segundo quaisquer conjuntos de regras acumulados em
roteiros românticos,
onde ásperos dias e noites frias,
sangue, dor e choro inconsolável são todos
pedaços de algo surreal, que transbordaria
fênomenos estéticamente românticos e bonitos
e
ferraria toda essa imagem artística esculaxada que é
vosso romantismo cultural.

me jogue fora.

marcha do silêncio.

Aqui chegamos então
– não há caminhos senão este
E daqui, somos prisioneiros.
Por não termos sido prisioneiros de todos outros.

Me engasgo em soluções ilusórias.
Costumo agir em falácias românticas.

Essas palavras
fazem sua gênese em meu estômago agora enjoado.
Saem de minha garganta e deixam dor,
mas também alívio.

Me abraço no vazio após querê-lo.
Me encolho, e então,
melancolia.
– um bebê.

Mas amo-me por tudo que não foi.
Do resto fui tudo.

Minhas trágicas tragadas:
metafísica.
Tento ir mas fico aqui,
como todos os outros zumbis que me cercam.

Todos estão perdidos.
Àquele romanticismo teimoso, meu falso desapego.

E após e aquém de tudo,
o silêncio continua em sua marcha infinita.

broken glasses.

smash.
noise.
crack.

broken glasses
on the otherwise supposed
good, sweet and dreamy cube house.

the full house
getting injured once again
and its all over the places.
glass pieces on your brain,
and now only life to get them out,
– what life, but?

bleed the house!
empty house makes grin grow.
only then
– acception i mean, you see?
will the floor briefly smooth around us
and then finally:
band-aids,
followed by our incarnated relationships being
vulnerable and dialectical.

now, god damn it! hell on earth:
forward we go.

sopro.

sinto-me completamente vazio.
será assim que nós finalmente nos integramos ao mundo?
os encontros são bem-vindos, mas se tornam cada vez mais como
choques curtos que
mexem comigo, mas não me movem.

e finalmente
nas madrugas
me derreto em melancolia

doce e infeliz sopro
aquele que por aqui passou.
já fazem anos
e nunca mais voltou.

2017.

uma última tragada para
nós.
ficaremos juntos em 2017,
para sempre.

e um outro você,
e um outro eu, disparam,
para as novas 52 semanas que nos aguardam.

não planejamos esta maratona
e fomos intimidados a entrar nela.
sem roupa certa,
sem preparos ou avisos.
rastejamos no sol
e pedras nos foram jogadas.
e ainda que eu estava aqui,
e você ai,
nos empurramos.

obrigado e,
agregam-se nossos sorrisos
e acumulam-se nossas conversas.

ainda teremos mais conversas
sobre o bom e ruim,
e ideias e projetos
e amores e desavenças
e mijos em cima de áudios
e toda amizade que poderia ser,
será.

suados e aos joelhos,
chegamos, e agora: a vida.
de novo e de novo e de novo
e de novo
e de novo.

o sol não dói mais.
respiremos.

cardapios.

Tem um restaurante que vou toda semana. Segunda-feira, sempre as 17-18h e lá está o dono, ele me acena quando entro, eu aceno de volta. Ele interrompe sua conversa com um freguês, pega um cardápio na mão e vem sorridente em minha direção:

– Não preciso de cardápio não, obrigado. Me traz apenas uma coca zero e um copo.

Quando termino minha fala, ele fecha o rosto junto ao cardápio, acena com a cabeça e vai buscar meu pedido. Sou apenas mais um verme explorando sua luz, ar condicionado, cadeira, mesa, TV a cabo e internet – tudo muito oportuno – e pelo preço de uma coca, e ainda ganha-se a coca. Ele deve me odiar. Mas eu vou continuar voltando, nas segundas ao final da tarde, com a mesma cara minha e ele com a mesma cara dele, vamos acenar e trocar uma expressão positiva, durará até ele me trazer aquele cardápio que nunca usei. De qualquer maneira, obrigado Sr. Dono do restaurante, está uma tarde nublada, a cidade da garoa faz jus ao nome, mais algumas desgraças me desprendem da vida e eu estou aqui tentando organizar a merda da minha agenda!

vista-se de mim.

um doce vestido,
leve como teus cabelos
e
os ventos passando em teu sorriso,
me fariam pensar agora em felicidade.

o corpo sempre sutíl.
aquelas ideias que me pegam:
explosivas,
cheias de quês sobre o mundo,
e a paixão pela arte,
filosofia ou ciência:
chicoteiam em qualquer lugar
de meu corpo cheio de mim,
que me aponta para ti
em um tufão sem muitos rumos.

me cego e tento me guiar
pelas vozes de teus
problemas sem sentido
– jogamos fora algumas risadas.

lhe abraço e quero
beijos
e minha boca se guia a tua
e você se guia a mim.

e cá estamos então,
em um romance fadado
a morte.

mas me tento em alguns versos de amor,
mais uma vez.
se crescer agora,
posso estar na muralha da vida,
que outrora me foi negada.

permita-me fugir nos instintos:
tire teu
vestido
e me vista de você.

há tempos meus desejos
não discriminam todos detalhes
que há num corpo como o este.

venha
a mim.

midnight train coming through my stomach.

anxiety attack!
and before my eyes I self-harmed.

1h57 am and its just like a blink of an eye:
– like BOOM!
hours past by
feelings peaking
and I,
stuck with my night and daymares.

find a love;
find a job;
find a fucking heaven on hell, already.

I get passionate about details as fast as I can think.
as well, I get stuck in the middle as stubbornly as it could get.

no good conditions
from trying to be a savior of the world,

but of myself.

childish Gods.

and I felt myself
cracking into a million pieces
when we spoke about our childish Gods,
and how they were now, just
burning into deep hell.
and watching us,
and we were watching them.
and everybody cries aloud.

you had yourself broken down by all of ’em.
we must take hands.

I have you felt in my bones.
and I felt myself,
cracking
into a million pieces.

andarilhos.

a sopa sempre esfria
devemos então, esquentá-la, jogar fora e buscar outra
ou simplesmente abraçar o frio?

renunciamos o eu-tu, pelo nós todos?
ou pelo eu-outro?

andarilhos de um mundo distímico,
onde nada se sente nas passagens.
continuamos andando a sua mercê,
ainda que as lágrimas venham no vazio solitário?

medo do pouco
ou do muito?
medo do status quo!
quando tudo se mantém repetindo,
aceite, bebendo teu próprio veneno
e então sorria ao minúsculo.
nada grande, para quem sempre busca
crescer.

os traumas aguçam meus enganos,
despercebidos passam
e eu me refaço, passo-a-passo.
na vida, não se tem tutorial.

vou então, abraçar o frio,
que é fadado.
meus traumas desfaço,
andarilho agora descalço,
é tudo um acaso, devo perceber.

ando onde for, sou nós
e no meu próprio veneno
descubro o que está depois,
e então, um novo frio
esquenta.