pai,
para sempre
nossos assobios
se encontrarão.
pai,
para sempre
nossos assobios
se encontrarão.
à meus sobrinhos,
mal espero vê-los jovens
e duvidosos da vida.
sentaremos juntos a sacada e
eu contarei meus empréstimos do mundo
e como vejo o Céu e as árvores mortas de Outono
e depois lhes pedirei um abraço.
e sentirei que a vida era
sobre isso.
em meu leito peço gentilmente
que me perguntem como vejo as relações, uma vez mais.
pois o gozo das boas memórias
sempre me são formigadas por um tom entristecido do luto.
não me entenda mal, há um tipo de bem-estar peculiar e terrífico nisso,
mas minha mão continua estendida ao caso de ser tocada por
diferentes sentir.
sou curioso.
des(necessário).
torno-me facilmente uma sombra sem cheiro ou sabor.
escorrem-me lágrimas de desespero,
mas são apenas um atributo de minha voz interna e reflexiva,
já que meu rosto continua seco e maciço.
alarme, alarme, alarme!
sou puxado diretamente de meus sonhos e pulo da cama!
– real pesadelo.
meus miolos estão contaminados de gritos de minha história.
como um instinto velho e comum, me armo de razoabilidade, próprio de um ser frágil nas propriedades brutas do corpo.
pudera eu, ser primal e raivoso.
mas para que vocês o fossem,
não fui.
continuarei com cicatrizes.
ao ar livre elas doem e são demais
então guardo adentro.
não preciso de primeiros ou segundos cuidados.
apenas trago minhas verdades rasgadas à beira da estrada
é bom para tomarmos um ar.
o misturar minhas necessidades aos objetos e me restringir a relações de berço
me deixo enganar, penso por tempos que carícias me iluminariam,
e cada vez menos metafísico e mais carne,
me encoleiro em mãos ao redor do globo.
sinto todo ódio e cansaço apontarem pra mim.
não saem de vocês, mas dos enredos que tanto requisitei.
uma voz suave, certa, diz que
um espelho em uma mão e o coração na outra
poderiam ser transmutados em tratos bem feitos com o universo.
de dúvidas às certezas mínimas sobre a existência de Minh’alma
posso tocá-la como bom assaltante.
para que eu não mais seja
um andarilho atrás de um pedaço de
Cafuné.
hoje no banho
ao me sentar e receber
agua corrente em minhas costas
lembrei de quando criança
tomava banho com meu irmao
e ele sentava e recebia
agua corrente em suas costas
e eu ficava la,
feliz da vida do momento.
ele preocupado,
eu entusiasmado.
hoje fui eu,
eu bem.
dias em que
há estilhaços de vidros para
todo o lado que se olha
e nada parece endireitado
e você eventualmente
para de se lamentar
e você eventualmente
se pergunta porque
e você eventualmente
pondera maldições
e você eventualmente
percebe que não é nada disso
e não é absolutamente nada
e os únicos cacos de vidro que realmente importam
são os que você abre mão de apertá-los com tanta força
e assim,
você eventualmente pode
sentir liberdade no imperfeito
não existem quebrados.
existimos, apenas.
nós.
todos nós.
memórias borradas
sobre desde quando
me perguntaram como estou
memórias borradas
sobre desde quando
eu quis falar
memórias borradas
sobre desde quando
me senti abraçado
memórias borradas
sobre paredes históricas
entre eu e eu
e eu e nós
apenas memórias borradas de hoje
desborrando em ouvidos bem abertos
e palavras aquecidas.
amém.
sou teu atlas.
carrego o mundo nas costas
e enquanto me arrasto,
choro ao chão, e nem mesmo meu reflexo posso ver.
concreto.
subam em cima de mim, minhas costas parecem largas
e fortes o suficiente.
mas a fadiga e o tempo não são tão humildes e
eventualmente eu me pego ajoelhado.
sem valor para jogá-los ao lado,
jogo a mim mesmo.
sem coragem, fico quieto.
sem humor, me deito.
sem abraço conversado, me lamento.
sem nada à frente, me esmago neste peso.
amor era quando conversavámos
e eu a dizia: me conte seu dia e
ouve o meu.