maldito caos!

em outros dias eu lhe teria, cheia de nós.
maravilhoso.

mas nestes dias
algo te levou.

maldito caos!
não estou no centro do indeterminismo.
tudo mais,
além do nosso nós.

e as angústias agarram-me.
em direções opostas.
contrárias.

aflinjo-me
na necessidade de me ser.

ways.

vá procurar tuas respostas,
corpo vazio.

mas as respostas
nunca são finitas
nunca chegam.

há sempre mais da vida,
para todos os lados.

a vida lhe da rumos.
se engane, escolha um deles
nunca é o melhor
nunca o ideal
apenas outro.
apenas diferente.

nunca melhor
nunca ideal.

mas vá em frente e seja,
não há outro jeito!

foda sua vida como você quiser.

eles estavam em um bar antigo, a juke box tocava um som blue wave com letras melancólicas, ainda que te fizesse se sentir bem com a vida. os dois amigos estavam na metade da garrafa, que já os fazia falar de tudo:
– eu quero me apaixonar
– para que você quer isso, velho?
– gosto das trocas
– as trocas vem e vão, você sabe – disse o bêbado, enquanto dava mais um trago
– não importa. queria sair sozinho por ai e curtir. depois você se encontra com ela e da umas risadas, uns beijos, abraça forte e discutem como se fosse uma bancada de doutorado. ai sai todo mundo ganhando: você sente que da para ser feliz por uns instantes, fica quieto e solta umas risadas enquanto trocam olhares. depois cada um vai para o seu lado, você volta a se foder no trabalho e a sentir prazer na solidão. ela vai fazer seja lá o que elas fazem.
– foda sua vida como você quiser.
estava tudo jogado para o ar, o caos reinava e tudo que eles realmente precisavam era de um pacote de cervejas, o tipo de música que lhe faz ter saudades de chorar, as conversas aleatórias e profundas e o afeto amigo.
– hey V., me ligue se precisar!
– sempre, sempre.

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me sufoquem.

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“quero que teus doces beijos me sufoquem”

cantava o quinteto numa quinta feira à tarde na grande avenida. o casal de mendigos esmurrados e expulsos da rua dançavam sorridentes, aceitaram a grande merda poética paulista! o que me sufocava era ela. não os beijos, mas sim a ausência de nossas trocas. onde está você ?

o quinteto continuava:

“quero que teus doces beiiijoss, me sufoquem”

.

8:00, eu bêbado. entrei em uma padaria alemã, cervejas difíceis de pronunciar e pães a 50 reais o kilo. não comi. dois caras conversando com notebook aberto, negociação ou idealização, tanto faz. uma criança com o pai solteiro, ela queria saber porque deus estava escrito em minúsculo num texto qualquer, mais uma vez o país laico teria que se proteger. uma menina com fones de ouvido do outro lado do balcão. ela dança timidamente e deu uma pequena risada quando me viu olhando. em dias passados, me levantaria e conversaríamos. não hoje. agora você baixa um aplicativo e ele te fala quem estava perto e quer transar. não fiz nenhum, estava bêbado demais, a pizza do balcão era mais interessante que uma porção de comportamentos.

laetitia.

qualquer coisa em demasiado
faz mal.
eis a lei de ouro.

mas o equilibrio
lhe protege.
apenas lhe protege.

quando queremos o intenso
o surreal
transcendente.
aquilo que você não sabe dizer o que é
mas come seu corpo inteiro
e tudo está em chamas.
tudo brilha
e há vida na vida.
da-se vida à vida.

aí, o equilibrio não nos serve.
a dor que venha.
imploro por ela.

a intensidade em seu pico
é maravilhosa.

uma dessas madrugadas.

madrugada apenas vai, nunca vem.
me jogo nas músicas
no cigarro.
a visão da janela
é silenciosa e monstruosa.
a vida está simples e perigosa.
3:00 am.
corram para seus sonhos.

o vazio vem todas as noites.
o dia foi bom apenas por ser outro dia.
quem sobreviveu?

há uma porção de sonhos que não me atrevo a fechar o olho para ter.
eles sempre terminam.

mas levantarei com mais um sorriso no rosto.
bem-vindo à vida!