Matheus Com M

apenas outro dia.

a superficialidade me corrói a alma.
ela está no meu mostrar mais profundo.
não mostro.

está em todos os lugares, por ai:
falas
gestos
modo de andar
e o que comprar.
assim vai a vida e chega a morte para muitos.

me minto.
pulo em cima de minha bagagem
não quero que ela se feche.
ela não quer.
ela grita e me derruba
no fim do dia.

as pistas vem e vão.
minhas lágrimas se tornaram tímidas demais.
as colocar para fora é
dar área ao julgamento de outrem.
mas porque não às coisas reais
do fundo da caixa
do sentimento puro?

tenho caminhado demais.
achei no chão
as peças que
me foram destinadas.
tornei-me eu.

o mundo continua sujo
e lindo.
porque ainda vejo os dois?

quebro a cabeça
a possibilidade máxima é a felicidade
– ainda que não como um fim, mas como um meio.
é tangível.
mas de qual material é feita essa barreira
que segura as pessoas do lado de lá?
quebro a cabeça
como derrubá-lo?
aqui é tudo lindo.

jogue merda na sua parede e chame de arte.
saia por ai, faça o que quer, tudo se justifica.
qual foi o último rosto que não era dono da verdade?
o machismo é muito, o movimento feminista é muito, os jovens estão perdidos. faça sexo.
a velhice é o ápice da inteligência, tem que ser. senão, do que serviu todas aquelas tropeçadas, dores e barreiras?
vá à academia de manhã. beba e use drogas no final da semana.
simplifique e faça sexo no primeiro dia. complique calculando o tempo de resposta para as mensagens no celular.
sinta-se completo e fale com autoridade, mesmo que não saiba o assunto. seja carente em suas relações.
seja hipócrita. esse é o grito da sociedade.
imponha e seja imposto. qualquer outro ideal é ridículo.
engula toda cultura intelectual. ela é só tua, agora.
ame intensamente. intensamente se apegue a coisas bobas e acabe com seu amor. não aceite. seja cego no amor e nas discussões.
mas há beleza nas coisas bobas. do melhor tipo. aprecie-as.
o vento as leva. os castelos de areia, se dissolvem.
se jogue na multidão. esteja dentro de si.
introspecte-se e limpe o cuspe do mundo em seu rosto. cuspa de volta nele.
a culpa nunca é sua.
molde-se em seus ambientes. seja imutável, você nasceu assim.
seja seja seja.
é o caos.

os domingos eram os piores

há um vazio qualquer
00:00 am.
ninguém na rua.

as pessoas já se recolheram
é o dia monstruoso
da o sinal para
mais uma rodada de vida
mais peso do dia dia.
mais e mais
das pessoas.

quem não cansa?

os domingos, eram os piores.

há um vazio qualquer
que vaga nestas ruas
muito mais cedo
que os outros dias.

meus pedaços se encolhem
neste pior dia,
o domingo.

uns reclamam
e outros bebem.
sempre passa.

I can barely wait for the next kiss
cause every last one
so named,
is always to be our penult
cause so am I,
to kiss you again.

sinto-me mal
lhe chuto a bunda
fique, onde mandei-te cair
não poderá sentir-se mal
aí onde está
me sorria, o belo sorriso
e sangre para mim

espere.
quando se levanta
que esteja inteiro
recolha teu sangue
me dê.

só quero a carne boa
só verei a ruim
obrigado
sinta-se mal.

ainda tens
sangue demais
porque não sangrou suficiente?

“today.
today is the international day of your life.
who
are
you?”
the guy
on the radio said.

fuck. it was winter cold.
the city was in chaos. was quietly sad.
the guy from the radio
was just a voice
and who he was
who anybody was
wouldn’t matter at all.
everybody would look for some
despair that night.
some ugly pleasure.

for me,
it was alcohol
to suppress my thoughts
and loud music
to reaffirm that shit.

I am the guy who will pass by on the crowded subway.
I am the guy who sits next to you.
you won’t look
won’t care.
I am just another guy.
who am I?
like you
I eat
fuck
sleep
drink.
I feel.
but your pain is probably bigger than mine, for you
just as mine is bigger than yours, for me.
And you own the truth as much as I own it too.
but that doesn’t matter,
I am just another guy.