sou apenas uma porta
ainda que eu pareça com qualquer coisa interessante,
não sou nada além de uma boa promessa.
sou uma esteira rolante que,
ainda que leve a algo,
não chega a lugar algum.
sou apenas uma boa promessa
por debaixo de minhas roupas,
buraco.
por de trás de minhas ideias,
engano
por de trás de minha alegria,
meu choro.
sou apenas uma boa promessa,
e talvez tudo bem
que bem há em ser nada-algo?
que mal há em ser ponte?
sou em excesso mal estar
mi dispiace! muitos maus feitos.
sou apenas uma porta.
e quem faz afeto em porta?
ainda que me reconheçam enquanto faço casa,
logo me torno somente mais uma coisa aberta.
– Oh, graça! Oportunidades!
mas nada mais, uma não-memória.
talvez eu meu ápice, me torne inócuo.
e para o lado de cá,
nada mais que uma boa promessa.
06.04.2022 – 22h58