não tenho acordado com muita graça em quase nada eu poderia pensar que agora é Inverno e todo mundo parece distante, mas talvez tudo pareça distante também.
deve ser porque todo o contexto desejado é um permanente Quase.
agora todo dia as 17h eu vou a varanda e se o céu estiver de bom humor, poderei assistir aos 30 minutos de pôr-do-Sol que se pintam por fora destes prédios.
já fazem anos que decidi que não haveria graça em Glória e há algumas semanas venho pensando que esse Quase (ou Tédio) que paira no ar quando me sento sem pretensões de nada é o mais ordinário dos cotidianos
quem diria que por trás de todas pressões encontraríamos ainda mais outra pressão?
a pressão do anfêmero está no fato de que nossa paisagem interna reflete o Sol das 17h que quase sempre vem em minha varanda: não há nada de tão novo, mas nunca fica velho e sentir a justaposição das paisagens é dizer que a única graça possível está em considerar o que há de mais próximo e óbvio.
(o óbvio nunca me foi tão Novo quanto neste outono-inverno)