ética
estética
ex-ética
est
(hora da)
ética
estética má, come a
ética
ética boa, exótica
veja bem, veja bem
um bom menino,
isso é bonito
é feio não é feio
és ética.
wordless symbolic acts of affect spasms
fiz como bem quis, ou quiseram, minha vocação
vocal
falar ou juntar palavras
desvergonhar o humanismo,
desumanizado quando dentro.
O que é o que é
é desumano quando para dentro
mas humano para fora?
Solidão solta
comunhão raivosa adentro
a ironia: mal sabíamos da ordem das coisas
Mas saltamos ao caos
Cães e esgotos e poços
Porque ninguém diz o já falado?
Está escrito nos rostos todos, no teu.
Bystander effect, modus operandi
Que ridículo, apenas na desconstrução de tudo
Me venho com versos construídos tentar justificar.
Sofrer, sofre(mos)
Todos sofrem, poucos cosofrem
Cosentir tensiona mas não se conquista como Palavra.
Para que cofre, preciosar?
Só é valioso o que foi para fora e tocou algo.
Sem-matéria, tão-Real!
o Outro importa mais que teu apetite por proteção de livre arbítrio
A Unidade é falsa e só serve no Conjunto
Confusão!?
Morria-se a Pátria, idiotice
Morria-se a própria Pátria, idiotice
Não morre-se a Nada, mas se jura de joelhos que é importante, Unicamente e inegociavelmente importante para si.
Precioso, preciosíssimo
Guarda adentro, não entreguemos nada.
Vai tudo embora. a criança pega o Sorvete e tenta guardá-lo, mas o tempo o derrete em suas pequenas mãos. uma ilusão qualquer.
Se tinha tão pouco no começo, quanto no final.
Mal digerido.
Porque? Erro ao questionar, mas me pego errando.
Ruminação.
Mais um do Indivíduo!
Até a mais odiosa culpabilização é tentativa de apego
Mexa-se, por mim, em nome de Tudo.
Ninguém se mexe,
Senão ao projeto de Si.
Juntam-se os bandos, falsifica-se o Coletivo para coletar vitórias próprias.
Suba ao palanque um só,
Orgasmos.
Me verborragio, um erro
As desconexões da fala são tão desconexas quanto as da humanidade já tão pouco assumidamente compartilhada.
Secreto.
Me encontro no Sagrado.
Sacro apenas nós, indivisível.
Juntos.
Me visto de Papai Noel, ninguém vem a Ceia.
Fui de encontro, ela nunca veio.
Ainda que se finja de morto, só importará o que estiver em lápide.
A morte só vale pela vida, ou o contrário.
Mas até na sozinha morte, só existe como Coisa enquanto houver testemunha contando história.
Não podemos fugir ao Sacro.
Desconexo. O próprio Quantum infinito inerente ao átomo.
O inseparável eu, o nós. A primeira pessoa do plural.
A gente. Gente como a gente. Mas não o estranho qualquer, imaginado.
Na tua frente.
Ninguém para. Até arrisca-se olhar, mas sem ouvidos: a evolução.
Disparadamente: muitos versos, e tão pouco amor.
Tão pouco amor.
Estado da solidão
entortamos os afetos até que se calem.
o silêncio ao amor,
e a tudo que pode ir embora
pois as coisas terminam e cabe ao término a justificativa de nunca começar de fato.
tudo que é temporário vale menos, ou mais?
“vai passar, sempre passa”
mas há sempre o paradoxo da intenção
quem enfim, para acompanhar?
comer sozinho é fato corriqueiro, não evento que se ritue
companhia já mora longe demais de uma mesa compartilhada
não há pão ou corpo para se dividir. compremos.
I-Thou, cada vez menos encontro e cada vez mais filosofia
nao amar o outro, mas a si próprio.
si sem outro é resto e não cabe reconhecimento meio amado.
ser escutado
a invisibilidade (ainda que onipresente) de nossos afetos clamando por ouvidos
e presença
e atenção plena (para fora, não para dentro)
e paciência
torna a mera concretização de ser ouvido,
(ou quiçá, raios caem, então porque não, compreendido?)
insólita.
ninguém suspende o que se nega
ou foi negado a si
e ninguém então existe
e ninguém então ouve
pois há risco no ouvir e se perder como
em juros compostos em um buraco negro.
o privilégio de ser ouvido!
toda pessoa quer falar.
sem vista não há caricatura de nada
e prevalecem os Palcos.
Ah! e quem há de ser ouvido:
há de abrir o céu e tornar-se azul e rosa e laranja e todas cores esplêndidas
e os pássaros se afirmam no canto
e a criança cria
e a família abraça
e as pessoas todas dançam e dançam
e o vento vem e vai
e preocupação se torna reverência
e ação se torna amor
e quem des-cala,
cosente.
o óbvio nunca me foi tão Novo quanto neste outono-inverno
não tenho acordado com muita graça em quase nada eu poderia pensar que agora é Inverno e todo mundo parece distante, mas talvez tudo pareça distante também.
deve ser porque todo o contexto desejado é um permanente Quase.
agora todo dia as 17h eu vou a varanda e se o céu estiver de bom humor, poderei assistir aos 30 minutos de pôr-do-Sol que se pintam por fora destes prédios.
já fazem anos que decidi que não haveria graça em Glória e há algumas semanas venho pensando que esse Quase (ou Tédio) que paira no ar quando me sento sem pretensões de nada é o mais ordinário dos cotidianos
quem diria que por trás de todas pressões encontraríamos ainda mais outra pressão?
a pressão do anfêmero está no fato de que nossa paisagem interna reflete o Sol das 17h que quase sempre vem em minha varanda: não há nada de tão novo, mas nunca fica velho e sentir a justaposição das paisagens é dizer que a única graça possível está em considerar o que há de mais próximo e óbvio.
(o óbvio nunca me foi tão Novo quanto neste outono-inverno)
hoje chorei nos braços de meu irmão.
tempos atrás,
o impeto de me derrubar às palavras
apenas era.
me vinham os versos como me vinham os sentimentos
e eu só precisava colorí-los com meus dedos
hoje, me preparo para dormir
mas antes, preciso me dessofrer
ou me cosofrer junto as palavras.
mas quais palavras, se nada tenho?
não as tenho faz tempo.
nem ao romance
nem para meu toska
me aventuro em desembrulhar-me
(como em cebolas de camadas infinitas sem que exista
propósito algum para ser atingido, ou centro algum para se gravitacionar)
seria a defunção que vi, a que vivo?
seriam estes meus últimos dias, e se forem, como resto minha vida?
seria todo esse desalento tão bobo e óbvio quanto a inação crônica?
estaria meu proprio âmago (se é que há um destes aqui) afundado em sua própria incompetência para, oras, agir?
para respirar, levantar um copo ou, raios!, se direcionar a qualquer coisa mediocremente humana?
mas duro como sou, não acredito em desmotivo
(apenas em desmotivação
para onde vai, tenta ir, mas nunca chega?
sujeito sem âmago mas muitos azuis,
seria a própria angústia o fim da linha?
precisaria eu ou ele de mais comida?
mais pavimento?
mais canções?
os homens-trem-bala me assustam perante minha própria fadiga
pudera eu ser apenas canção!
por hora me revelo:
choroso, tentador do nada e do tudo
e desafinado.
06.06.2022 – 3h04 am
uma boa promessa.
sou apenas uma porta
ainda que eu pareça com qualquer coisa interessante,
não sou nada além de uma boa promessa.
sou uma esteira rolante que,
ainda que leve a algo,
não chega a lugar algum.
sou apenas uma boa promessa
por debaixo de minhas roupas,
buraco.
por de trás de minhas ideias,
engano
por de trás de minha alegria,
meu choro.
sou apenas uma boa promessa,
e talvez tudo bem
que bem há em ser nada-algo?
que mal há em ser ponte?
sou em excesso mal estar
mi dispiace! muitos maus feitos.
sou apenas uma porta.
e quem faz afeto em porta?
ainda que me reconheçam enquanto faço casa,
logo me torno somente mais uma coisa aberta.
– Oh, graça! Oportunidades!
mas nada mais, uma não-memória.
talvez eu meu ápice, me torne inócuo.
e para o lado de cá,
nada mais que uma boa promessa.
06.04.2022 – 22h58
talvez todo esse nosso sorriso seja sempre genuíno
talvez eu não esteja acostumado com a felicidade e ela me soe doída, pois está sempre a beira de ser levada pelo vento.
então choro
enquanto teço boas memórias breviloquentes (que não se vão no mesmo sopro que vieram) me apresso em prometer-me: quando tocar novamente essa música, lembrarei desse poema e desse dia ou mesmo de qualquer momento e qualquer dia que me deseje o belo
e serei novamente feliz.
hoje minha mãe veio ao escritório ouvimos músicas eruditas depois Pavarotti me fez emocionar e eu quero dar essa música de natal para você, Mãe
ah sim, as memórias breviloquentes que agarro firme e até transbordo pelos meus próprios olhos!
que não se vá embora.
a tudo que lembro com afinco: uma boa trilha sonora e todo meu coração.
a felicidade é todos esses arranjos e rearranjos de memórias e músicas que cultivamos do Outono ao Verão.
04.11.2021 – 3h16 am
os marinheiros já se foram faz tempo.
os marinheiros se foram
deixaram apenas carniças sob areia
e areia sob carniças
concedemos um tchau ou nos jogamos as sobras?
os marinheiros se foram.
sempre se vão.
podemos até avistá-los nos limites das linhas curvas do mundo, quiça do universo!
mas deus está triste e os marinheiros já se foram faz tempo.
temos restos, mas o que nos restou?
inversos.
ainda que eu tivesse visto vermelho no lugar do azul
ou que aquele apartamento de 95 fosse uma casa
quem sabe se eu falasse mandarim, ou concluísse o russo
talvez se eu tivesse um grande abraço quando me encolhi
quem sabe se eu fosse mais evoluído,
mas fico abaixo até
porque quedas não cabem em mim agora
mas fico mais aqui do que em todo lugar.
talvez eu se tudo fosse o inverso do que se simbolizou
eu seria farsa alegre
se eu fosse tudo que se tanto propõe eu me sentiria
certo e ajeitado (e então, aleijado)
talvez se naquela foto eu só fosse eu
mas sou exatamente aquela foto, daquele apartamento, daquele próprio ano, daquela cor, daquele não-abraco, daquele dessaranjo, desse bom sorriso que me ausenta agora.